Sete PMs viram réus por suposta tortura contra um major durante treinamentos do Bope

Sete policiais militares se tornaram réus por envolvimento na suposta tortura contra um major durante um treinamento para um curso do Batalhão de Operações Especiais (Bope) em Goiás. Conforme a denúncia do Ministério Público, os militares chegaram a internar o major escondido da família e fingiram que ele estava com covid-19.
Os denunciados, de acordo com o MP, são: coronel Joneval Gomes de Carvalho Júnior; tenente-coronel Marcelo Duarte Veloso: coronel David de Araújo Almeida Filho; capitão Jonatan Magalhães Missel: sargento Erivelton Pereira da Mata; sargento Rogério Victor; cabo Leonardo de Oliveira Cerqueira.
Em nota, a Polícia Militar do Estado de Goiás disse que, à época dos fatos, todos os procedimentos cabíveis foram adotados.
Nas dependências, o Ministério Público afirma que o coordenador do curso, Capitão Jonatan Magalhães, e os instrutores Erivelton, Rogério e Leonardo passaram a agredir violentamente o major. O documento diz que o oficial foi torturado com tapas no rosto, pressão psicológica, varadas, pauladas e açoites de corda na região das costas, nádegas e pernas durante três dias seguidos.
As agressões aconteceram, inclusive, durante um “momento pedagógico”, que conforme a denúncia, “extrapolaram e muito os objetivos do curso”. O major chegou a reclamar com um colega que a equipe de instrução estava sendo “rigorosa demais com ele” e, por causa disso, ele foi levado para “um mergulho” em um lago frio à noite, sob a justificativa de que seria para amenizar suas lesões.
Depois disso, o Ministério Público narra que as agressões contra a vítima passaram a ser cada vez mais frequentes e severas. Como o major sempre foi mais persistente que outros alunos e tinha alta patente, os instrutores aumentavam o grau de tortura contra ele na expectativa de que ele desistisse do curso.
“Todos compartilhavam do mesmo objetivo: pressionar o ofendido (major) a se desligar do curso, especialmente devido à sua posição como o oficial mais graduado entre os alunos”, diz o MPGO.
Atualmente, o major faz intensa fisioterapia pulmonar e motora, mas ainda enfrenta sequelas renais, teve perda de força nos braços e pernas, também sofre com formigamento e choques no corpo.
A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos militares supracitados e deixará o espaço aberto para manifestação futura.