Dois PMs são presos suspeitos de matar técnico de instalação de internet em Goiânia
Dois policiais militares foram presos suspeitos de matar um técnico de instalação de internet e alterar a cena do crime no Setor Buena Vista, em Goiânia. Segundo a investigação da Polícia Civil, os policiais foram chamados para atender a uma ocorrência de tentativa de estupro.
Em nota, a Polícia Militar informou que eles foram conduzidos ao presídio militar e que colabora com a investigação da PC.
Conforme investigação, no dia 12 de junho, uma jovem de 27 anos estava com problemas na internet de casa e pediu um serviço de manutenção presencial. Ela contou que durante o trabalho o técnico teria se aproximado dela e a beijado na boca sem seu consentimento.
Após afastá-lo, segundo a investigação, a jovem chamou duas amigas, que foram até à casa dela e bateram no técnico. Um vídeo mostra o momento em que Allan Carlos Porto Carrijo, de 36 anos, é agredido e, em seguida, foge. Em seguida, ela chama a PM.
De acordo com o Boletim de Ocorrência (BO), os policiais Tiago e Igor foram até à casa da mulher e, após testemunhas mostrarem para onde o técnico fugiu, começaram as buscas por ele. Os PMs relatam que encontraram Allan em um lote baldio e que tentaram abordá-lo e prendê-lo.
Segundo o relato de Tiago e Igor, durante a abordagem, o técnico resistiu à prisão, bateu nos policiais, “sacou uma faca” e foi na direção de Tiago. Neste momento, de acordo com os PMs, “para conter a injusta agressão”, atiraram três vezes contra Allan, que morreu no local.
Conforme relato da PC no boletim, quando os policiais civis chegaram ao local do suposto confronto entre os PMs e o técnico, os peritos informaram que não encontraram estojos de bala, o celular de Allan e a faca, que teria sido usada por ele, foi levada para delegacia pelos policiais.
Após o suposto confronto, o PM Tiago realizou o exame de corpo de delito e a Polícia Científica realizou o exame cadavérico no corpo de Allan. No laudo do policial consta escoriações no braço e, no do técnico, consta que ele morreu após levar quatro tiros, sendo um no peito.
A PC ouviu a jovem que denunciou a tentativa de estupro, as amigas dela, a esposa do técnico e o chefe dele. Nos depoimentos, a polícia destaca que a jovem e as amigas disseram que não viram Allan com uma faca e a esposa dele afirmou que conversou com ele por videochamada durante a fuga.
A esposa de Allan contou à polícia que o técnico tinha dois celulares, sendo um deles da empresa onde ele trabalhava. O chefe de Allan afirmou à polícia que também conversou com o funcionário minutos antes dele ser morto e que ele disse que estava com medo de morrer.
Segundo a investigação, o técnico ainda enviou a localização dele para o chefe e pediu para ele buscá-lo. Quando o chefe chegou ao local, ele foi ameaçado pelos policiais e obrigado a entregar o celular, que, segundo ele, foi levado pelos PMs e depois descartado em uma mata.
Diante da investigação, a Polícia Civil acredita que os policiais militares Tiago e Igor forjaram a situação de confronto, mataram o técnico sem que houvesse reação dele e “plantaram” a faca no local. Ou seja, alteraram a cena do crime e, por isso, pediram a prisão deles.
O Portal Cerrado Notícias não conseguiu contato com a defesa dos PMs e deixará o espaço aberto para futura manifestação.
Íntegra da nota da PM
Em resposta à solicitação sobre o caso ocorrido no Residencial Buena Vista II, a Polícia Militar informa que:
A Corregedoria da Polícia Militar está adotando todas as providências necessárias em relação ao caso. Em cumprimento à decisão judicial, os militares foram conduzidos ao presídio militar.
A Polícia Militar segue colaborando com a justiça e reitera o compromisso de cumprir as decisões emanadas do Poder Judiciário.