Adeus à Glória Drumond: Corpo de feminista é enterrado sob forte comoção
Jornalista e historiadora foi uma das vítimas da ditadura civil e militar do ano de 1964
Por Renato Dias
Sob forte comoção, com choro, soluços e lágrimas, a celebração religiosa de cremação do corpo da jornalista, historiadora e feminista Glória Drumond ocorreu, ontem, às 15h, no Cemitério Jardim da Paz, em Goiânia, capital Estado de Goiás. Com a participação de jornalistas como Renata Santos, Teresa Costa, Amanda Dorian, além da filha da ativista, a professora de Comunicação da Faculdade Araguaia, Patrícia Drumond. Uma música deu o ‘último adeus’.
Um vídeo exibido mostrou imagens de uma mulher além do seu tempo. Morena, madeixas longas, olhos vibrantes, com sede de vida. Alegria era a sua marca. Insubmissa, ela defendia a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. Mais: exorcizava a misoginia. Radical, condenava o machismo. Humanista, recusava a cultura patriarcal. Contemporânea da modernidade, atacava a herança do escravismo colonial. Tradições da Casa Grande & Senzala.
Tortura e estupro
Glória Drumond ingressou na universidade, acabou presa no extinto Dops. O Departamento de Ordem Política e Social. Sob a ditadura civil e militar. Com o golpe de Estado que depôs o presidente da República, à época, João Belchior Marques Goulart. A ‘enragé’ acabou torturada, estuprada, por agentes do Estado. Pagos com dinheiro do contribuinte para garantir segurança aos cidadãos. Depois, fez jornalismo, brilhou na TV, no suporte impresso e em assessorias.