Nacional

Artigo de opinião do jornalista Dino Santos sobre o massacre na escola de Suzano

Quando não se acha o culpado

A tragédia acontecida na manhã da terça-feira, 13 de março, em Suzano-SP, revela dois lados de uma mesma moeda. Por mais que se queira condenar e culpar aqueles que cometeram as atrocidades, no final, a sociedade é a grande culpada de casos como estes.

Sim, é a sociedade. E na menor das hipótese, uma sociedade doentia. Em tempos que a comunicação cedeu lugar ao isolamento das matrizes virtuais o calor humano também se perde na frieza, no silêncio e na escuridão. Se por um lado as vítimas dos ataques são inocentes e se suas vidas foram ceifadas sem ao menos serem, em princípio, alvos diretamente de decisão dos agressores, por outro lado foi a escola, enquanto instituição, o grande alvo. Solidarizamo-nos com todos familiares dessas vítimas inocentes que se foram. Mas, também, minhas condolências aos familiares dos aos algozes, estes que vitimados de uma sociedade silenciosa. Porquanto são vítimas débeis de um sistema doente, pertences de uma sociedade que ainda não aprendeu a olhar para as diferenças. Ou pelo menos comunicar com os desiguais.

Parafraseando o general romano, Pompeu, ainda no século I, antes de Cristo, ‘Comunicar é preciso, morrer não é preciso’. E comunicar com o próximo é preciso para que o silêncio, a solidão não ocupe um espaço gelado. Se refletir é também comunicar porque não nos perguntarmos: quais são os últimos passos que levam atiradores a saírem de seu monólogo interior para encerrar vidas e depois silenciar-se para sempre?

Com Ela não se brinca. Ela é apenas um fio que separa dois lados; Ela é única. E ao invés de procurar culpados de tragédias como a de Suzano-SP, e tantos outras parecidas, por que não nós recolhamos à nossa natural insignificância antes de lançarmos a moeda? Ainda é tempo.

(Dino Santos é Jornalista DRT 3609/2016-GO e Radialista DRT 7707/2011-DF)

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