Capitão da PM ridiculariza soldado que ameaçou suicídio

A SSP de São Paulo afirma estar analisando postagens feitas pelo capitão Capitão Soares ridicularizando um PM que ameaçou cometer suicídio durante uma transmissão ao vivo na noite da quarta-feira 17.
Nas publicações, o capitão afirmou que o soldado Vinicius Laurentino “não teve a dignidade de se matar” e, ainda, classificou o episódio como “vergonha”.
“Sem dignidade até para tirar a própria vida! Quem escolhe um caminho assume as consequências. Eu nunca vi algo selvagem ter pena de si mesmo, um pássaro cairá morto de um galho sem jamais ter sentido pena de si mesmo. Olhem que vergonha. Tenhamos pena”, complementou nos stories.
Horas depois, o capitão ainda publicou um vídeo de Vinicius apontando a arma para a própria cabeça e mensagens que ele teria enviado via WhatsApp antes de ameaçar suicídio. As postagens receberam apoio de outros policiais militares nos comentários. “Fraco, adora um show e no final da novela muda todo o roteiro”, escreveu o sargento da PM Cezar Romano.
O policial é pré-candidato a vereador em São Bernardo do Campo e é seguido por membros da alta cúpula da Polícia Militar de São Paulo, como o comandante do Batalhão de Choque, Valmor Racorti, e pelo ex-comandante da Rota Ricardo Mello Araújo, candidato a vice-prefeito da capital na chapa de Ricardo Nunes (MDB).
O soldado Vinicius Laurentino, conhecido no Instagram como Vinicius Galliatto, é influenciador digital e possui mais de 90 mil seguidores. Na plataforma, ele publica vídeos criticando as condições de trabalho e denunciando irregularidades.
Segundo colegas, ele respondia a um procedimento interno por suas postagens. Na última quarta-feira 17, ele teria ido à sede da 3ª Companhia do 34º Batalhão do Interior, em Atibaia, para uma audiência.
Horas depois, no mesmo local, ele se trancou na reserva de armas e deu início à transmissão em que ameaçou tirar a própria vida. A live durou mais de três horas e teve mais de dois mil espectadores simultâneos.
O Grupo de Ações Táticas Especiais da Polícia Civil (Gate) foi acionado e, após horas de negociação, conseguiu fazer com que o soldado se entregasse. Ele foi encaminhado para atendimento psiquiátrico.