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Ex-comandante do Exército ameaçou prender Bolsonaro se ele insistisse em dar golpe

Depois das prisões de militares e policial federal pela Polícia Federal, após plano ser divulgado da morte de Lula, Alckmin e Alexandere de Moraes, o assunto voltou à tona e foi rememorado o dia que o ex-comandante do Exército general Marco Antônio Freire Gomes teria ameaçado dar voz de prisão ao então presidente Jair Bolsonaro (PL) quando ele mencionou a possibilidade de dar um golpe de Estado para se manter no poder após ser derrotado nas urnas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

A cena teria sido presenciada em uma reunião no Palácio da Alvorada pelo ex-comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Carlos Baptista Júnior, e relatada à Polícia Federal. A CNN teve acesso à íntegra do documento.

Aos investigadores, Baptista Júnior disse ainda estar convicto de que foi a posição firme de Freire Gomes que impediu um golpe de Estado no Brasil.

“Caso o comandante tivesse anuído, a possível tentativa de golpe de Estado teria se consumado”, disse o ex-chefe da Aeronáutica aos investigadores.

No depoimento, Baptista Júnior afirmou que, depois de Bolsonaro “aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de alguns institutos previsto na Constituição (GLO ou estado de defesa ou estado de sítio)”, o então comandante do Exército disse que “caso ele tentasse o tal ato teria que prender o presidente da República.”

Em seu depoimento, o ex-comandante da FAB diz ainda que ele tentou demover o Jair Bolsonaro de decretar uma Garantia da Lei e da Ordem, Estado de Defesa e de Sítio.

O general Freire Gomes e o tenente-brigadeiro Baptista Júnior afirmaram ainda que rechaçaram em diversas oportunidades uma proposta de golpe, enquanto que o então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria colocado à tropa à disposição de Bolsonaro.

Em uma das reuniões, conforme relatou à PF, Baptista Júnior teria dito a Bolsonaro que não haveria hipótese de ele continuar no poder após a derrota para Lula nas eleições, e que não aceitaria uma ruptura institucional. Segundo o brigadeiro, Bolsonaro “ficava assustado”.

No depoimento aos investigadores, o ex-comandante da Aeronáutica relatou ter usado uma “estratégia de ganhar tempo” e evitar que Bolsonaro assinasse alguma medida de exceção que subvertesse o Estado de Direito, diante das possíveis estratégias levantadas pelo então presidente para reverter o resultado das eleições.

De acordo com as declarações do militar, Bolsonaro enfatizava em reuniões com os comandantes das Forças Armadas a necessidade de “parar eventuais abusos” do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

O ex-presidente, segundo o relato feito à PF, apresentava hipóteses de usar operações de garantia da lei e da ordem (GLO) e outros “institutos jurídicos mais complexos”, como a decretação de um Estado de Defesa, para solucionar uma possível “crise institucional”.

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