Imprensa internacional repercute negativamente a falta de transparência do governo brasileiro
Após a confusão envolvendo as decisôes do presidente Jair Bolsonaro acerca da divulgação dos dados da covid-19, os principais jornais do mundo repercutiram negativamente as ações do governo brasileiro. Bolsonaro chegou a dizer que mudaria o horário da apresentação dos números somente para não aparecer no Jornal Nacional, da TV Globo.
O título do jornal britânico The Guardian “Bolsonaro esconde número de mortes e total de casos por coronavírus no Brasil” mostrou o tom de como a imprensa internacional trata o assunto. Nesta reportagem, o jornal chamou a iniciativa do governo brasileiro de “movimento extraordinário que os críticos chamam de tentativa de esconder o verdadeiro número de vítimas da doença”.
A matéria foi publicada na versão eletrônica do diário neste domingo (sete de junho) e lembra que a decisão ocorre “após meses de críticas de especialistas que dizem que as estatísticas do Brasil são terrivelmente deficientes e, em alguns casos, manipuladas, o que significa que talvez nunca seja possível obter uma compreensão real da profundidade da pandemia no país”. No mesmo dia, o Guardian publicou outra reportagem com o título “Brasil deixa de divulgar número de mortos por Covid-19 e apaga dados do site oficial”. Nela, o repórter Dom Phillips, correspondente do jornal no Rio de Janeiro, ressalta que o governo brasileiro foi acusado de “totalitarismo e censura” pela nova metodologia.
Outro jornal britânico, desta vez o Financial Times, também faz um material crítico ao governo brasileiro. O título foi “Brasil acusado de ocultar dados sobre crise de coronavírus”. O jornal descreve Bolsonaro como “presidente de extrema direita”, que “há muito tempo é acusado de subestimar a gravidade do surto, levando ao despedimento de um ministro da saúde e à demissão de outro, e à nomeação de um general sem experiência em saúde pública para substituí-los”.
Nos Estados Unidos, o The Washington Post foi na mesma linha dos jornais ingleses e com a manchete “À medida que as mortes por coronavírus no Brasil aumentam, Bolsonaro limita a divulgação de dados”. De acordo com o jornal, um dos mais influentes dos Estados Unidos, “a retirada repentina dos dados acumulados provocou uma avalanche de críticas quando as pessoas nas cidades retornaram às suas varandas para bater em panelas e detratores sugeriram que o governo federal estava tentando ocultar a gravidade de uma crise de saúde pública que pouco fez para resolver”.
Já a rede de TV americana ABC News reproduziu texto da agência internacional de notícias Associated Press dizendo que o Brasil eliminou dados do total de mortos pela Covid-19 e deixou especialistas perplexos. Influente no mundo árabe, a emissora Al Jazeera publicou reportagem em seu site com o título “Brasil deixa de publicar números de coronavírus”.
No Brasil, os principais veículos de comunicação se juntaram para formar uma frente com o objetivo de divulgar os números da pandemia da covid-19, com dados das secretarias estaduais de saúde será possível a imprensa acompanhar a crise sem deixar de informar a população sobre os números, mesmo com as dificuldades impostas pelo governo federal.