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Suspeito diz ter matado comerciante em Bela Vista de Goiás e alega vingança por estupro ocorrido há mais de 30 anos

Na noite do último sábado (01), o comerciante José Carlos Pereira Sampaio, de 57 anos, foi morto a tiros dentro de seu próprio bar no distrito de Roselândia, em Bela Vista de Goiás. Segundo testemunhas, um homem chegou ao estabelecimento de carro, pediu uma bebida e, no momento em que o proprietário se virou para atendê-lo, foi surpreendido pelos disparos.

No final de semana, Carlos Teles Vieira, de 47 anos, conhecido como “Carlos da Soja”, se apresentou à Central de Flagrantes de Goiânia e confessou ter cometido o crime. Ele alegou que o assassinato foi motivado por um trauma do passado, envolvendo um suposto crime cometido pela vítima contra sua esposa há quase 30 anos.

A família de Carlos enviou um comunicado explicando a versão dos fatos segundo sua perspectiva:

“Temos ciência de que o que ele fez não foi, nem de longe, certo e muito menos adequado, e ele está disposto a responder e pagar por tudo que fez diante da Justiça. Mas, ele não estava conseguindo conviver com esse peso que o assombrou por tantos anos.

Aos 14 anos, em agosto de 1996, minha mãe foi estuprada por José Carlos (Zezin). Na época, ela já namorava meu pai, que tinha 17 anos. Além de ter cometido o crime, José Carlos espalhou para toda a comunidade de Roselândia sobre o caso como se fosse algo consensual, causando muita humilhação para minha mãe e para meu pai, que era seu namorado. Devido a isto, e ao fato de que provavelmente não aconteceria nada caso denunciassem (porque, para todo mundo, tinha sido algo consensual), meu pai e minha mãe se mudaram para o município de Orizona para se afastar o máximo do estuprador e da comunidade… e tentar superar e esquecer o ocorrido.

Contudo, isso não foi possível, considerando que, bem na época, minha mãe engravidou do meu irmão, o que por muito tempo assombrou meu pai e minha mãe. Na época, eles nem tinham condições de fazer um teste de DNA, que foi feito após alguns anos.

No último sábado, após um longo dia de trabalho, meu pai chegou em casa, estava muito ansioso, tomou remédio para dormir, tomou cinco latas de cerveja, mas nada tirava a aflição dele. Ele pegou a arma, registrada em seu nome, e saiu de casa pedindo desculpa à minha mãe. Ela ainda falou para ele não fazer nenhuma besteira. No dia seguinte, a polícia bateu na porta da minha mãe.”

Em Roselândia, familiares e amigos da vítima contestam a versão apresentada pela família do suspeito, levantando dúvidas sobre a motivação do crime. A Polícia Civil segue investigando o caso para esclarecer os fatos e determinar se houve premeditação ou outros fatores envolvidos no assassinato.

(A estudante de jornalismo Renata Ferraz é orientada pelo jornalista Thyago Humberto, editor do Portal Cerrado Notícias)

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