Mateus Ferreira lança pré-candidatura à Câmara de Goiânia

O estudante Mateus Ferreira lança pré-candidatura à Câmara de vereadores de Goiânia para as eleições de 2020. O jovem tem 37 anos de idade e está filiado ao Partido dos Trabalhadores (PT).
Mateus disputou as eleições de 2018, concorrendo ao cargo de deputado estadual e obteve uma votação satisfatória — a seu ver. Há anos o graduado em tecnologia e informática pela Fatec-SP e, agora, estudante de ciências sociais pela UFG defende causas sociais e se tornou uma referência em Goiás na luta pela educação.
O estudante acabou se tornado notícia em todo o mundo após ser agredido com um golpe na cabeça com um cassetete por um oficial da PM quando participava de uma manifestação no centro de Goiânia, em 2017. A violência sofrida por Mateus resultou em um traumatismo craniano, devido à força empregada pelo policial, chegando a quebrar o cassetete. A agressão que sofreu não fez Mateus desistir de seus objetivos na área social, segundo ele o triste episódio o fez ganhar ainda mais força para continuar na luta:
“Se por um lado a tragédia que sofri me trouxe danos irreparáveis, por outro, esse mesmo destino me fez resiliente e me aproximou de todo tipo de dores invisíveis da sociedade. Dores que somente uma mãe que não consegue trabalhar porque sem vaga na creche não pode deixar suas crianças sozinha em casa. Ou a dor do aposentado que após uma vida inteira de muito sacrifício para criar a família mal pode curtir os anos de descanso que ainda tem porque precisa seguir sendo o provedor financeiro de filhos e netos, por conta do desemprego que só aumenta. Sem falar da total falta de políticas publicas para a juventude e o total descaso e humilhação com que milhares de profissionais que integram a rede publica de Educação são obrigados a sofrer. A verdade é que precisamos de representantes que de fato tenham lastro com as dores reais do nosso Brasil profundo, sem rabo preso com grandes conglomerados ou agendas obscuras.”
Mateus destaca que é preciso ter uma mudança brusca, quebrando os atuais paradigmas dos mandatos:
“Acredito que é preciso uma mudança brusca, que quebre todos os atuais paradigmas dos mandatos, que precisam de fato se tornar populares. Imagine você que mesmo com todo o cansaço de um dia de trabalho infernal, o trabalhador da periferia ainda consegue tempo para participar da votação de um Big Brother, por exemplo. Esse mesmo trabalhador poderia estar gastando seu tempo interagindo de forma benéfica para ajudar a decidir sobre temas da cidade que o afetam. Para isso, basta um pouco mais de empenho dos parlamentares, que se acomodam e acabam se preocupando apenas com sua reeleição. Mas além disso, é necessária uma ruptura dessa morosidade burocrática que consome até mesmo os políticos mais bem intencionados. Existem experiências bem sucedidas em outros países, como o Podemos da Espanha, que já demonstraram que é possível a participação popular em cada detalhe, em cada passo que os representantes da classe política dão. Neste sentido, acredito que estou pronto para o cargo e aceito o desafio.”
O pré-candidato explica também que há muitos discursos raivosos e com soluções milagrosas, segundo ele é preciso dar um fim à essa ilusão e mostrar à população que o processo de cidadania é longo contínuo:
“Parece que está chegando ao fim a era dos discursos raivosos com soluções milagrosas. O processo de se apropriar da própria cidadania é longo e contínuo. Apesar de ser muito concorrido, um mandato não é um bilhete de loteria premiado e a cada eleição todos nós vamos ficando mais atentos sobre a importância do voto consciente, de votarmos em pessoas que de fato têm algum comprometimento com a melhoria da cidade. Neste sentido, ainda acredito no olho no olho. O eleitor não vai mais apostar em fanfarrões, ele quer alguém em quem realmente possa confiar. Alguém que tem empatia pelas suas dores.”