O MPF (Ministério Público Federal) instaurou um procedimento extrajudicial com a finalidade de apurar os motivos de o Ministério da Saúde excluir o número total de óbitos por covid-19 das estatísticas divulgadas. No despacho, o MPF dá 72 horas para que o general Eduardo Pazuello se explique.
No pedido, Pazuello deverá esclarecer se houve outras modificações e subtrações de dados públicos relativos à pandemia. Se houve essas mudanças, será, portanto, preciso especificar os fundamentos técnicos que levaram à esta mudança. A nota do MPF diz também que a transparência é uma regra no Poder Público e não deve haver exclusão de estatísticas.
Em entrevista, o presidente Jair Bolsonaro chegou a falar que as mudanças no Ministério da Saúde foram para não ter mais matéria no Jornal Nacional. O portal da pasta ficou por um dia fora do ar e depois voltou com várias alterações, inclusive nos números de mortes, aparecendo um número menor.
A mudança do governo Bolsonaro na Saúde foi duramente criticada. O ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta insinuou que esta decisão do Ministério da Saúde deve-se à obediência militar, já que o ministro interino da Saúde é general do Exército. Mandetta classificou a atitude como “lealdade extrema, mesmo que burra e genocida”. A Sociedade Brasileira de Infectologia publicou uma nota de repúdio. O ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes disse que esconder dados é “manobra de regimes totalitários”.
