PMs sofrem homofobia após um selinho em formatura no DF
Policiais militares do Distrito Federal foram vítimas de homofobia após publicarem fotografias em redes sociais dando um selinho em seus namorados. As postagens ocorreram após a formatura de novos soldados da PM-DF, realizada no sábado (11 de janeiro).
O Ministério Público do Distrito Federal informou que vai investigar os comentários homofóbicos, inclusive de membros da PM, como foi o caso de um tenente-coronel, identificado como Ivon Correia, que em um áudio compartilhado em um grupo de Whatzapp de policiais faz crítica à atitude dos policiais de terem se beijado na formatura:
“Então é isso que foi quebrado ali. Aquela avacalhação ali, aquela frescura ali poderia ser evitada. É lamentável a gente ver que as pessoas, nesse caso específico, pessoas cultas que deveriam saber como se portar, poderiam continuar com a vida deles, ser felizes, mas sem afrontar a nossa corporação. Se vocês chegarem em qualquer uma das três forças armadas, existe essa figura: o homossexualismo. Mas eu nunca vi um piloto de caça gay. Ou melhor, que se exponha como gay. Gay ele pode ser o tanto que ele quiser, mas que se exponha enquanto fardado. Eu jamais vi um comandante de marinha fazendo essa frescura toda que está aparecendo aí. Nunca vi no exército, brigada paraquedista, comandos e por aí vai, alguém se expondo dessa maneira”.
A Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do Distrito Federal também pediu à PM que investigue este caso. O deputado distrital Fábio Felix (PSol), que é presidente da Comissão, saiu em defesa dos militares:
“É importante que a Corporação esclareça quais os dispositivos regulamentares que proíbem a manifestação de afeto por policiais militares. É de comum conhecimento que os policiais militares devem manter conduta discreta. Contudo, um simples beijo também não deve ser objeto de escândalo, a nosso ver. Inclusive, evidentemente, os beijos dados por policiais heterossexuais não foram objeto de escândalo, o que evidencia o duplo padrão de tratamento e, com isso, o padrão discriminatório”.
Em nota, a PM diz que não compactua com preconceitos e que a opinião atribuída ao tenente-coronel é de cunho particular e que não representa o pensamento da corporação:
“A PMDF informa ainda que a ética e o pundonor policial militar são preceitos basilares da Corporação, aos quais os policiais militares estão sujeitos, independentemente de cor, sexo, etnia, religião ou opção sexual. O posicionamento oficial da PMDF orbita em torno do respeito às crenças, à ética e ao profissionalismo, pilares que todos os policiais militares devem observar no exercício de seus deveres”.
Os policiais, vítimas do caso, foram procurados pela imprensa para falar sobre o assunto, porém a PM não autorizou ninguém a falar acerca desta situação.
Pelas redes sociais, alguns internautas criticaram a atitude dos policiais de darem selinho na formatura, mas outros também elogiaram e criticaram o gesto homofóbico.