Em entrevista à Globo, Mandetta provoca o presidente Bolsonaro
O ministro da Saúde, Henrique Mandetta, deu entrevista ao Fantástico, da TV Globo, na tarde deste domingo (12 de abril) e manteve o tom recomendado pela OMS e profissionais de saúde, de isolamento social até o fim da pandemia do coronavírus. A fala do ministro foi considerada uma provocação ao presidente Bolsonaro, que além de discordar deste isolamento, ainda é explicitamente inimigo das organizações Globo, emissora à qual Mandetta deu a entrevista.
Mandetta deu a entrevista falando do Palácio das Esmeraldas, sede do governo de Goiás. Ele estava passando o domingo de páscoa com a família e o governador Ronaldo Caiado, seu amigo pessoal.
O ministro falou que os meses de maio e junho serão os mais delicados para a população brasileira:
“Primeiro, nós sabemos que esses números estão subestimados. Dentro do que a gente pensava lá no início, em fevereiro, fazendo simulações com outros países, fazendo adequações pro nosso clima, mais ou menos a gente sabia que chegaria na primeira quinzena de abril a aproximadamente com esses números. Sabemos também desde o início que fizemos a projeção que a segunda quinzena de abril seria a quinzena que aumentaríamos e que o mês de maio e junho seriam os meses de maior estresse pro nosso sistema de saúde. Nós estamos agora vivendo um pouco do que fizemos duas semanas pra trás. Se iniciarmos precocemente uma movimentação, nós vamos voltar a ter aquele mesmo padrão do início aonde você tinha dia após dia um aumento do surgimento de brotes epidêmicos. A gente imagina que os meses de maio e junho serão os sessenta dias mais duros para as cidades. A gente tem diferentes realidades. O Brasil a gente não pode comparar com um país pequeno, como é a Espanha, como é a Itália, a Grécia, Macedônia e até a Inglaterra. Nós somos o próprio continente. Sabemos que serão dias duros. Seja conosco ou qualquer outra pessoa. Maio, junho, em algumas regiões julho, nós teremos dias muito duros”.
Em um momento da entrevista, o ministro fez uma crítica latente ao presidente Bolsonaro dizendo que o “brasileiro não sabe se esculta o ministro ou o presidente”.
Ao ser questionado para comentar a entrevista de Mandetta, o presidente Bolsonaro respondeu que “não assiste à Globo”.