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Concorrência da vida na Av. Goiás: dum lado as igrejas; doutro, nem queiram saber, nobres
Agora com a Igreja Mundial chegando à Avenida Goiás, aquela região da Goiás com a Independência, centro da nossa capital, ficou com três igrejas, praticamente uma do lado da outra: Universal, Mundial e Apostólica. Todas juntinhas propalando o nome de Deus. Isso é bom, as pessoas precisam mais de amar o próximo, talvez a religião tenha um papel determinante nisso. Inda mais nesse momento de tanta violência nos coraçõezinhos de cada brasileiro.
Por outro lado, com o perdão do vulgar trocadilho, do outro lado da Goiás há duas casas, vá lá, que têm uma finalidade diametralmente oposta em relação às igrejas. São casas frequentadas pelo público masculino. E, vê bem!, não estou a demonizar estas duas casas, longe de mim fazê-lo.
Passei recentemente por aquela região (ah, não fui nem em um lado, nem no outro, hein?) e olhava para os frequentadores dos dois lados. Público paradoxalmente diferente, a tautologia é proposital. Do lado das igrejas as pessoas estavam felizes, riam e demostravam nos olhos e no jeito de caminhar que iam ao encontro da paz; do lado de lá, também, a felicidade era semelhante, só não posso precisar se a ordem de tais semelhanças era igual à primeira. Mas era tudo tão parecido, refiro-me, claro, ao que tange à satisfação em cada expressão observada por este curioso jornalista.
Ao observar aquela cena, tentei refletir e buscar uma explicação para as idiossincrasias da natureza humana, como as pessoas, por exemplo, conseguem satisfação interior de diferentes maneiras. Claro que tal reflexão me levaria do nada a lugar nenhum. Há coisas, nesta vida, que mais complicam que explicam. Por isso que a vida é bela. “Mas o que é o belo” — perguntaria um cara chato ligado à filosofia.
Por fim, pensei de modo lacônico e desisti da incumbência de entender aquele paradoxo. Eu ficaria louco e não concluiria patavina de nada. Melhor apenas observar as coisas e não procurar entendê-las.
Nietzsche entendeu tão maravilhosamente bem a vida, o homem, a natureza, Deus e tudo; no entanto não foi capaz de conquistar o coração de Salomé, sua única e perene paixão. A vida é assim, cheia de mistérios incompreensíveis, meus nobres.
Pensei em tantos exemplos mundo afora — que nos levam a desistir de entender a nossa própria vida — que desisti naquele momento de entender aquelas duas felicidades, de dois grupos de pessoas, felicidades estas cortadas apenas pelo asfalto quente e movimentado da Avenida Goiás.
Algumas pessoas mais avexadas poderiam resumir assim tal experiência: as pessoas que estavam do lado das igrejas iriam pro céu; já as que estavam indo para a chamada “Casa das Primas”, do outro lado da Goiás, iriam arder eternamente no inferno. Muita vez, caros e caras, a pressa leva-nos a reflexões engraçadas de tão risíveis.